quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Iminência padecente

Está mais quente e não foi o tempo que mudou. Tá certo que o verão vem pouco a pouco anunciando sua chegada, mas não é o sol quem está me esquentando. Eu estou me afogando e não é no mar. Só peço que me deixem. Parem com essa ideia de jogar boia, chamar salva-vidas, helicóptero. Eu estou descendo cada vez mais fundo e é exatamente o que quero fazer.

Eu passo por aí e me perguntam em que planeta estou. Eu não sei se eles entenderiam, mas em tudo que dizem eu só ouço sua voz. E a cada olhar eu me desloco pros seus olhos cor-de-mel e me pego pensando em tudo aquilo que a gente poderia ser. E basta você dizer sim.

Não me importa mais quantas vezes meu coração foi partido ou quanto tempo levou tempo pra reconstruí-lo. Eu só juntei os caquinhos para que ele voltasse àquela mesma forma de antes: iminência padecente. Porque só se parte um coração que já bateu mais forte. E o meu está me dando murros cada vez que você me vem. É só você me sorrir que eu vou. 



segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Pra você saber a falta que sinto

E você foi. Foi mesmo, achei que não ia. Achei que era brincadeira, exagero, meia-verdade; que quando você chegasse lá e não visse meu sorriso de braços abertos esperando por você, voltaria. Mas não voltou. E eu fiquei aqui esperando. Esperando para (re)viver todos os momentos bons - e por que não os ruins? - com você. E o meu riso foi brochando aos poucos, porque o relógio deu milhares de voltas e nenhuma trouxe você. 

Eu peguei o telefone e disquei o seu número várias vezes, mas só de pensar na sua voz sem timbre nenhum de dor, desisti. E se de repente isso tudo fosse real? E se de repente você foi embora de verdade para nunca mais voltar? É que eu ainda tinha tantos planos pra gente, tantas expectativas futuras que ainda não podia ser a hora certa de acabar. E você acabou. Acabou comigo e com tudo aquilo que achei que era.

Eu me perdi: de mim, de você, do mundo. Porque todas as certezas que tinha só eram certezas porque você me sorria com os olhos dizendo que era isso mesmo e que eu seguisse adiante. É que o meu coração batia mais forte toda vez que você me abraçava e dizia que não iria a lugar algum que eu não estivesse.

E eu sinto falta. Sinto falta dos movimentos que nossos corpos descreviam com tanta - ou nenhuma - precisão. Falta daquilo que me excedia e me transbordava. Falta do seu sorriso tímido de manhã cedo vendo o esforço que era para eu acordar. Eu sinto saudade de qualquer coisa que tivesse você.

E você foi. Foi mesmo e não olhou pra trás. Levou o seu coração e eu fiquei aqui de mãos vazias e completamente cheia da sua ausência que me fez repensar a vida inteira. E as minhas esperanças escaparam de mim da mesma forma que essas palavras tentam dizer como eu queria que você estivesse aqui.

domingo, 1 de setembro de 2013

Mente que mente

Senta aqui do meu lado e observa comigo. Está vendo a forma como ele olha pra ela? Ela jura para todos que não percebe, que são só amigos e que ninguém sente nada mais do que isso. Na verdade, ela acredita mesmo no que diz. Mas você vê? É aquele olhar profundo com um sorriso de canto de boca. Está escuro e parece que a cada mecha de cabelo que ela coloca pra trás da orelha os olhos deles iluminam essa sala. Talvez ele não perceba também, o corpo tem dessas coisas de falar mais do que a voz consegue, mais do que a mente percebe. Eu percebo, e você?

Repara o jeito como ela toca as mãos dele com frequência. Parece que todas as brincadeiras tem que envolver o toque de alguma maneira. Você viu a forma como ela contraiu as mãos quando outra mulher chegou perto dele? Não era um simples estalar de dedos ou coisa parecida. Vontade de avançar e dizer "sai de perto que ele é meu".

"Não há nada entre nós, não fala besteira!", é a resposta padrão de ambas as partes. Medo de estragar aquilo que parece estar bom, medo de não ser recíproco, ou, quem sabe, apenas ingenuidade da mente. Porque racionalização de afeto causa confusão, incerteza, erros. É essa mania que as pessoas têm de entender o que sentem, quanta bobagem! 

Hoje eles vão sair juntos daqui. Ele vai levar ela em casa, abraçar apertado e dizer boa noite. Depois vai seguir um outro caminho torto qualquer. Ela vai subir as escadas, tomar banho, tirar a maquiagem e dormir. Acordará de um sonho com ele e fingirá que não entendeu. E assim vão os dois, mascarando tudo aquilo que vibra pedindo passagem. 

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