domingo, 25 de novembro de 2012

Amor à distância

Teu olhar. Teu beijo. Teu gosto. 

As cores vibrantes que rodeiam nós dois. As gargalhadas que damos juntos. O olhar penetrante que só você tem.

Amar-te. Cada segundo como se fosse o último. Aproveitar a vida bela que tenho ao teu lado. Querer mais e sempre mais. Pois são teus braços que me dão o melhor abraço. E teus lábios que me beijam com ternura única.

O escudo que você representa: afasta as mágoas, os pesadelos, os medos. Sentir-me protegida. Encontrar em você tudo aquilo que sempre procurei e, melhor ainda, aquilo que nunca pensei existir. Sentir-me mais do que completa, sentir-me adicionada.

Com você os pássaros cantam uma melodia suave e o vento passa devagar arrepiando a alma. O sol aquece sem queimar e as nuvens esquecem de aparecer. O perfume das flores: ao seu lado é sempre primavera.

Beijar como se fosse o fim. Abraçar apertado para continuar sentindo teu corpo até você retornar. Não me permitir acostumar com o cinza, com o vendaval, com a chuva. Tempo e espaço se unem para tentar destruir o que de mais belo existe neste nosso mundo.

Meu amor resiste: não é material e não se degrada. Cada lágrima que escorre liberta a dor do peito permitindo que reste apenas a alegria. Saudade: preenchendo meu ser enquanto você se faz ausente. 

Peço ao tempo que passe rápido. Respiro fundo e espero a hora certa. Sigo com calma e com a certeza, que me consola, de que você vai voltar.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Felicidade

E aí você vem e me sorri um sorriso tímido. Suspira e me olha nos olhos. Veste somente minha camisa e deita no meu peito. Faz cachos nos meus cabelos com as pontas de seus dedos. Encosta os teus lábios nos meus com delicadeza. E dorme comigo.

Quando você se vai e me deixa na torturante companhia da sua ausência. E cada música que me lembra teu rosto. O cheiro da chuva que me lembra teu gosto. O tic-tac do relógio que palpita meu coração.

Caminha em minha direção e me deixa ansioso. E sua respiração no meu pescoço me arrepia dos pés à cabeça. E se encaixa no meu abraço como se tivesse sido feita sob medida. E seguimos na mesma melodia.

O seu coração que bate junto com o meu. O seu corpo que aquece o meu lençol. Seus ruídos que compõe músicas para o meu silêncio. Suas expressões marcantes que pintam meu retrato.

Seu amor.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Assassinato

Respiração ofegante. Mãos ensanguentadas que ainda seguravam a arma do crime. Meus olhos arregalados puderam perceber a crueldade que havia cometido. O corpo ainda estava quente e o sangue molhado. Os seus olhos permaneciam abertos e voltados em minha direção. O olhar continuava o mesmo de quando havia vida: gelado. Sempre me incomodei com a maneira fria como você me olhava. Agora posso dizer que seu olhar parece muito melhor encaixado neste corpo frio e sem vida. 

Eu não queria que tivesse terminado assim. Por inúmeras vezes tentei te alertar que nada estava bom do jeito que estava. Você esboçava um sorriso no canto da boca - exatamente igual ao que seu cadáver guarda - e dizia que eu me preocupava demais. Não era com indiferença que você me tratava? O destino gélido de seu corpo me parece bem adequado.

Nunca havia tempo para conversar. Você não se importava o suficiente para falar e insistia em demonstrar a tortura que era me ouvir. Este corpo imóvel que me fita escutará absolutamente tudo que tenho para dizer sem fazer reclamação alguma. O jogo virou e agora sou eu quem dá as cartas.

Vivíamos uma vida banal. Perdi a conta de quantas vezes tentei te mostrar o caminho sem volta que estávamos seguindo. Você nunca pareceu tentar, de fato, quebrar a rotina monótona que nos envolvia. O que pode ser mais monótono do que a morte? Seu corpo agora viverá da maneira exata como você queria me fazer viver. A morte lhe cai bem.

Eu me entrego e confesso: eu matei. Matei para renascer. Matei e mataria de novo, quantas vezes fosse preciso. Há tempo que eu não sentia o calor do seu corpo, o aconchego do seu olhar, o timbre da sua voz. Por isso, lhe dei a única coisa que ainda podia: uma facada certeira para colocar fim ao nosso sofrimento. Eu matei. 

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