quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Um suspiro no meio das pedras

A gente respira fundo pra encher os pulmões de vida. No intervalo da nossa rotina, da nossa mesmice, da nossa rigidez. Logo a gente... a gente que prometeu que faria da vida um eterno carnaval. A gente que se amava na cama, na beira do rio, na areia fria na noite de verão. A gente que se amava pelo olhar, pelos ruídos, no toque das mãos. A gente que não tinha limites pra ser.

Eu suspiro na busca de encontrar respostas. Mas ar nenhum me explica como foi que a gente chegou nesse lugar. A gente era pássaro itinerante e a única pedra que nos parava era a do Arpoador. O céu cor de laranja no fim de tarde. Você sempre dizia que as palmas eram pro meu sorriso. E agora eu já nem me lembro de sorrir.

Quando foi que a gente virou pedra? Quando foi que a leveza do vento paralisou nossa dança? Nossos giros têm me deixado tonta. Você me dizia pra fixar num ponto que resolvia. E meu ponto fixo era o seu olhar. Eu me perdia em você e agora não te encontro mais. Agora eu não me perco. Sei exatamente onde estou.

Pega a minha mão, entrelaça seus dedos nos meus e diz que é assim que você quer ficar. Eu fico contando os dias para fevereiro, para vestirmos nossas fantasias e irmos juntos pra rua. Para a nossa realidade voltar a ter purpurina, pra gente voltar a ser carnaval. Para eu te encontrar na minha multidão e respirar no meio das pedras.




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