Quando eu não tiver mais o que falar, te darei o meu silêncio. Eu te peço, por favor, contenha-se com ele. Nem só de palavras vive o homem. Há muito mais nas entrelinhas, do que nas linhas de fato. Não é porque faltam-me palavras, que não tenho o que dizer. Às vezes, meu olhar fala mais. Por outras, podes saber o que penso, ouvindo, apenas, as batidas do meu coração.
Quando eu não tiver mais o que falar, ouça. Ouça com um pouco mais de atenção as palavras que não me saem pela boca, mas latejam em minha mente e apertam o meu peito. A ausência de sons audíveis e compreensíveis não é a indiferença.
Quando eu não tiver mais o que falar, perceba. Perceba que me calo, porque me importo. Não quero que ouças palavras vazias. Não quero definir e reduzir a plenitude das coisas que se passam dentro de mim. Não quero limitar essa mistura de sensações, sentimentos e pensamentos a meras palavras.
Quando eu não tiver mais o que falar, fique em silêncio comigo. Acompanha-me, toca-me, una-se a mim. Apenas sinta. Sinta o que penso, o que sinto, o que quero. Seja um pouco de mim.