Entende? Como eu te disse: é não e é sim, tudo junto. Não é confuso, não é esquisito, é só paradoxal. E a vida é outra coisa além de um constante paradoxo? É que nem sempre dá para juntar todas as partes e resultar em arrumação. Às vezes é bagunça mesmo e eu estou completamente bagunçada de você, dessa dor, desse não-talvez-quem sabe. Desalinho e eu não gosto de linhas. Não gosto dessa reta chata e monótona que você tenta enquadrar nós dois. Porque eu não sou quadrada, não sou formal e não sou fácil. E você não me entende, já sei. E que se dane o entendimento, porque eu não tou falando de explicação e de adequação. É curva, desvio e foi e sumiu.
E eu não quero falar sobre isso, não quero usar metáforas e nem me fazer entender. Quero quando quero e quando não quero não quero e não tenta ler algo além do que tá escrito. Não me teoriza que eu não sou ordenada, não sou coerente e nem generalizável. Não me pede pra me encaixar na sua história, pra agir como seus personagens, pra fazer sentido. Só me encaixo nos seus braços vez ou outra e isso não significa mais do que dois corpos juntos e sintonizados. A frequência muda e não existe tudo igual, sempre igual, mais do mesmo.
Aquilo que você vê é apenas uma interpretação de tudo aquilo que posso ser. E tentar me interpretar com base nas histórias que você ouviu, viveu, pensou vai dar tão certo quanto achar que eu estarei aqui amanhã com a mesma forma que você me viu hoje. É que talvez amanhã eu queira mais do que isso que você me dá, ou seja menos do que você espera. E talvez a gente sintonize de novo e siga tocando juntos que nem aquela música que cantávamos nas tardes de segunda-feira quando tudo era calmo e a gente não precisava disso. Não precisava de explicação, de sentido, de definição.
Quando você não era tão chato, tão certinho, tão preocupado, tão sexy. E quando 1 + 1 podia ser 3 e ninguém se importava, porque matemática nunca foi meu forte e ainda bem que você tava lá. Eu não mudei, só sou outra. E um dos seus maiores erros é achar que dá pra saber o que estou sentindo/pensando/sendo baseado naquela visão que você construiu há tantos anos atrás quando o mundo era mais cor-de-rosa e eu era só uma romântica boba esperando príncipe no cavalo branco. É que depois que eu cai do cavalo de cara no chão, montar e seguir galopando não era mais tão fácil. E eu aprendi que o príncipe é chato e que prefiro o sapo, ou o cavalo preto, ou você quando não me pergunta o que quero.
Então não, não acho que você é meu príncipe encantando; não acredito mais no amor. Acredito no amar. E amar não é estanque e nem se prende ao tempo. É ação infinitiva que não se quer infinita e que acaba, muda, transforma, desforma. E quando sai da forma torna-se uma força potente que arrasta e leva tudo que está rondando por aí sem raízes. E me arrasta direto pra sua cama, pros seus braços, pro até logo está tarde preciso ir embora.