sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Deixe que siga

Percebe que não tem nada que te prende. Essas mãos que você sente te segurando e puxando para baixo são as suas próprias mãos. Disseram que o tempo ia passar e curar toda essa dor. Era mentira. Não importa quantas vezes o sol se pôs, você está presa no seu tempo. Não é passado, porque você não deixa que passe. Seu tempo não quer seguir. Deixe que siga.

Os anos foram chegando em velocidade cada vez maior e você não acreditava que ele resistiria aos invernos. É que ele já foi embora há tanto tempo... Você insiste em mantê-lo presente como se só esta imagem desse conta da vida. E você diz que é fácil falar. Difícil mesmo é te ver sofrer assim. Com esse sorriso congelado no rosto que não expressa nada mais do que um descompasso com o mundo aí fora. Presa no mesmo lugar; estanque. Deixe que flua.

Não há lamento, novo amor, nem Cronos que leve ele daqui. Sorria o seu melhor sorriso; aquele brilho nos olhos como quando você olhava pra ele num domingo a tarde e o sol se punha deixando tudo laranja. Se veste daquela sensação de paz e retoma seus passos. Diga adeus e leve-o até a porta. Ele já foi, agora você é quem precisa deixá-lo ir. 

2 comentários:

Fernanda Ventury disse...

As vezes é difícil deixar ser, deixar ir, se "libertar" dessas amarras subjetivamente temporais. Lindo texto, Lê. Beijos, Fê.

Camilla disse...

Aquela frase clichê, porém verdadeira, cabe perfeitamente: eu sou meu pior inimigo.
Pura verdade
E, olha, Cronos não ajuda nada... O salvador real é o Kairos!! A gente só não consegue mensurá-lo...

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