domingo, 1 de setembro de 2013

Mente que mente

Senta aqui do meu lado e observa comigo. Está vendo a forma como ele olha pra ela? Ela jura para todos que não percebe, que são só amigos e que ninguém sente nada mais do que isso. Na verdade, ela acredita mesmo no que diz. Mas você vê? É aquele olhar profundo com um sorriso de canto de boca. Está escuro e parece que a cada mecha de cabelo que ela coloca pra trás da orelha os olhos deles iluminam essa sala. Talvez ele não perceba também, o corpo tem dessas coisas de falar mais do que a voz consegue, mais do que a mente percebe. Eu percebo, e você?

Repara o jeito como ela toca as mãos dele com frequência. Parece que todas as brincadeiras tem que envolver o toque de alguma maneira. Você viu a forma como ela contraiu as mãos quando outra mulher chegou perto dele? Não era um simples estalar de dedos ou coisa parecida. Vontade de avançar e dizer "sai de perto que ele é meu".

"Não há nada entre nós, não fala besteira!", é a resposta padrão de ambas as partes. Medo de estragar aquilo que parece estar bom, medo de não ser recíproco, ou, quem sabe, apenas ingenuidade da mente. Porque racionalização de afeto causa confusão, incerteza, erros. É essa mania que as pessoas têm de entender o que sentem, quanta bobagem! 

Hoje eles vão sair juntos daqui. Ele vai levar ela em casa, abraçar apertado e dizer boa noite. Depois vai seguir um outro caminho torto qualquer. Ela vai subir as escadas, tomar banho, tirar a maquiagem e dormir. Acordará de um sonho com ele e fingirá que não entendeu. E assim vão os dois, mascarando tudo aquilo que vibra pedindo passagem. 

2 comentários:

Camilla disse...

Esse pessoal medroso, tsc! Hahaha.
Realidade de muitos pré-casais.
Curti o texto!

Fernanda disse...

Deveras verossimíl.

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