terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Revelações de uma segunda-feira de chuva

Encontrar. Encontrar-se com. Encontro de verdade dói. Às vezes é dor boa. E de tão boa, a gente pede bis. Bis só em caixinha.

Conheci uma vez um sujeito que queria ganhar tempo. E de tanto querer, inventou o relógio. Relógio é tempo enjaulado. Só gosto do tempo em seu hábitat natural.

Entre ser e ter existe uma grande distância. Ter é a tentativa de relogizar o ser. Ter é tentativa - falha - de se consumir o sendo.

Conheci um outro cara que queria tanto reviver um momento que achou que pudesse enfrentar a morte. Ele morreu tentando. Ele viveu morrendo.

Por que que a gente quer ter tudo que gosta? Já me disseram que o capitalismo nos faz transformar qualquer coisa em produto possível de compra.

Ainda não achei vida vendendo no mercado.

Houve um tempo que queria consumir momentos. Aprendi que a única forma de consumir experiências é comendo.

Com desejo você bota na boca e mastiga. Deixa a saliva se misturar, solvendo, até começar a digestão. Engole. E aquilo que é bom vai virando alimento, nutriente, corpo. O que dura do momento vira pedaço de pele, cabelo, órgão...

O resto vira merda.

1 comentários:

Anônimo disse...

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