quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Resgatar

Era tão bonito. Era tão certo. Fazia bem. Alegrava o dia. Completava a noite. Ai, acabou. Ai, virou lembrança. Ai, virou uma história distante que quase não é lembrada. Acho injusto que os grandes amores passem e virem apenas uma pequena recordação. As histórias de amor deveriam ser lembradas todos os dias.

Você ainda se lembra quando eu e você éramos um só? Quando vivíamos em prol de um sorriso? Daquele tempo, remoto, eu sei, em que nos amávamos a noite inteira sem nem perceber que o dia amanhecia? Confesso que eu quase não me recordo mais.

Será que as únicas histórias de amor memoráveis são aquelas, como Romeu e Julieta, em que há uma tragédia no final? E se o final for, simplesmente, leve como o amor? Se não for arrebatador como uma paixão, como um romance Shakespeariano...? Não devemos relembrar com lágrimas nos olhos aquele tempo de felicidade?

Pois bem, quero tirar o dia para dizer ao mundo inteiro que, um dia, nós fomos felizes. E, se eu fechar bem os olhos e ouvir a nossa música, eu ainda sinto aquele gostinho de amor que pairava sobre nós. Eu quero que esse e que todos os amores que, um dia, foram reais, sejam recordados.

Relembremo-nos dos bons tempos. Não com pesar do fim, sentimento nostálgico ou com saudade. Apenas relembremos. Somente pensemos que um dia existiu. Resgatemos as lembranças mais lindas que restaram de uma época que não mais voltará. E fiquemos felizes por terem acontecido. E contemos aos amigos, aos parentes e, quem sabe, aos novos amantes, como, um dia, nossas vidas se encontraram.

Às vezes a vida parece ser recheada de outras vidas. As pessoas, os lugares, os sentimentos, nascem, vivem e morrem dentro de nós. Depois deixamos essas histórias esquecidas como se não as tivéssemos vivido. De fato, as mudanças são grandes e não há de se viver do passado. Porém, acho importante pensar que éramos nós. Éramos nós que estávamos ali. 

Vivamos, sim, cada novidade. Pensemos, sim, no futuro. Mas, sim, quero que saibas que, vez ou outra, eu me lembro bem que, aquilo, era amor.


5 comentários:

Camilla disse...

Adoro ser musa. To zoando hahaha. Adorei o texto... Concordo em número, gênero e grau. Quem somos hoje é consequência do que vivemos e das pessoas que passaram nas nossas vidas.

Paula disse...

Lindo, lindo! E o comentário da Camilla tb /\ É a mais pura verdade...

Marina disse...

Caraaaca!! Tava pensando isso hoje!! Depois te mostro o que escrevi no meu caderninho!
Minha linha de pensamento tendeu mais pra esse lado passageiro, e como o mais importante é guardar uma saudade feliz e satisfeita por ter vivido e dividido bons momentos. Hahahha e pensei tambem no que a gente falou, do tempo e da intensidade, clichê mas fato.
Acontece que o destino chega, com aquele ar de acaso, e nos cruza irremediavelmente, sem percebermos que já nos reservava algo em comum a ser vivido. Um momento de nossas vidas a ser compartilhado e lembrado carinhosamente ao longo dos tempos por vir. Sem remorso, apenas com a simples satisfaçao de ter vivido um ponto no cruzamento, uma breve história na história das nosssas vidas.

Fernanda disse...

Você me leu! Transbordei essa sensação o dia inteiro. Há de se ter. Há de se viver. Há de se recordar. Há de ser. Somos o produto daquilo que fomos, sendo com outros que fizeram, ainda que imperceptivelmente, parte de nossas vidas.

Obrigada pela leitura e pela reflexão.

Beijo,
Fernanda

Rafaela disse...

Gatinha, amei o texto, leve mas a mais absoluta verdade... como a marininha disse, tava pensando nisso hoje tb hahahaha

beijos :D:D

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